MACHU PICCHU 2009 - Relatos da Viagem - Parte 1

1º dia – 12-11-2009 – 749 km
Saímos de São José do Rio Preto-SP, eu e o Kiko, com destino à Marechal Candido Rondon. Fizemos uma parada para almoço em Maringá, onde fomos recebidos pelos Companheiros do IFMR-SA Emerson, Fabio e Edgar.
Ao chegar a Rondon, fomos recebidos ainda na estrada pelos Companheiros do IFMR-SA de lá, que nos levaram a um passeio pelos pontos principais da cidade. À noite nos foi oferecido um churrasco, majestosamente feito pelo pai do Companheiro Neri, que também nos recebeu em sua casa para o pernoite.



2º dia – 13-11-2009 – 548 km
Saímos bem cedo do Plaza Neri Inn para tomar um delicioso café em um Posto da cidade, onde eles se reúnem diariamente. Dali, seguimos rumo a Foz do Iguaçu, com destino final em Ituzaingó, já na província de Missiones, Argentina.
No churrasco, na noite passada, amigos haviam nos alertado sobre a polícia da província de Missiones. Eles têm um posto policial na divisa da província, logo após a cidade de Posadas e tem o habito de extorquir dinheiro dos motociclistas estrangeiros que passam por lá. Esse posto se encontra nessas coordenadas: S27 27.303 W56 03.041. Foi dito e feito! Quando passávamos por lá, nos seguiram com suas viaturas bem velhas até o famigerado posto onde finalmente nos pararam. Tiveram uma reação bem típica de quem está fazendo o errado e, como havíamos sido alertados, são policias provinciais e não rodoviários, o que os impediriam de nos parar naquele lugar. Seguindo as dicas que nos deram, assim que pararam a viatura e desceram dela, ligamos as motos novamente e partimos de lá sem ao menos olhar pra trás. Não nos seguiram, mas andamos vários quilômetros apavorados com o acontecido. 1ª adrenalina da viagem!
Chegamos a Ituzaingó, no Hotel Che Recove (S27 34.967 W56 41.179), local marcado para encontrar os demais Companheiros de viagem. Após alguns minutos chegaram o Cezar, Bica, Vilson, Diogo e Renato, nossos parceiros do Rio Grande do Sul.





3º dia – 14-11-2009 – 668 km
Quando amanheceu o dia, tomamos um café em um posto YPF da cidade de Ituzaingó e partimos para a estrada, rumo a San Ramón de la Nueva Oran. Seguimos por Corrientes, El Colorado, Pirané, ainda em baixa altitude, porém, neste dia tivemos a oportunidade de presenciar uma incrível mudança de temperatura. Em um determinado trecho, parece mesmo que havia uma linha divisória, a temperatura subiu de forma radical, nos levando a andar a quase 47º C. Bastante desgastante!
Há 200 km de Pirané, na cidade de Las Lomitas, resolvemos fazer nosso pernoite, embalados pelos amigos Diogo, Renato e Kiko. O posto em que paramos na rodovia, em Las Lomitas, é de uma família extremamente receptiva, que nos indicou Hotel e nos preparou um ótimo jantar, uma Parrillada, regado à cerveja Quilmes. O Hotel fica dentro da cidade, chama-se Las Lomitas mesmo (S24 42.641 W60 35.495), mas existe um melhor (bem melhor) que este, há uns 6 km antes de chegar à cidade. Passamos por ele!


Do hotel até o posto eram poucos metros e fizemos o percurso para o jantar a pé, o que nos deu uma noção muito interessante da pequena e amistosa cidade. Muito legal! Após o jantar, voltamos aos apartamentos, que ficaram com o ar condicionado ligado, mas parecia que estávamos em um forno, mesmo assim!
4º dia – 15-11-2009 – 617 km
Partimos bem cedo de Las Lomitas neste dia, rumo a Salvador Mazza, divisa da Argentina com a cidade de Yacuiba, já na Bolívia. Nosso objetivo neste dia era chegar à cidade de Villa Montes. Tomamos o café da manhã, ou desayuno, no mesmo posto YPF que nos acolheu no dia passado.
O calor era infernal mesmo de manhã!

Vale dizer que no trecho Argentino da viagem, em todos os postos e até mesmo em cidades e estradas (tirando os policiais de Missiones) sempre fomos muito bem recebidos. Em todos os lugares a população fez questão de vir até nós, perguntar sobre a viagem, nos informar sobre os próximos postos de combustíveis, cidades, hotéis etc. Na estrada, os carros sinalizam com farol alto quando chega perto de você, o que demoramos a entender que era um sinal de boas vindas, de congratulações pela nossa passagem ali. Isso é muito reconfortante!
Mas as coisas iriam mudar, ainda neste dia! A aduana Argentina-Bolívia, na cidade de Salvador Mazza, já nos mostrava o que vinha pela frente. Ao contrário da Aduana em Puerto Iguazú, tivemos que estacionar as motos fora da aduana, pegar várias permissões, carimbos e afins, o que nos tomou mais de 1 hora de viagem. No final, com paciência e bom humor, tudo deu certo e seguimos por Yacuiba para trocar dólares em Pesos Bolivianos. A grande surpresa foi passar pela via principal de Yacuiba e descobrir que o Cambio era feito no meio da rua, por uma senhora sentada em uma cadeira, com uma mesinha à frente, no meio de uma “feira” onde se vendia de tudo para as pessoas da cidade e caminhoneiros que esperavam ali as liberações e trâmites fronteiriços. Em seguida entramos em um Posto de Polícia para carimbar nossa permissão, um documento que recebemos na aduana e que deve ser carimbado em todas as barreiras policiais. Custou-nos $5 pesos, para cada, e a policial nos garantiu que seria o único custo com policias que teríamos em todo trajeto Boliviano, quem dera!!!
Por fim, após 95 km chegamos à cidade de Villa Montes.
Para entrar na cidade existe uma ponte (já estão construindo uma normal) de madeira, com trilhos no meio, por que o trem também passa por ela, onde passam um carro de cada vez.
Ponte com emoção!

Tivemos informação de um hotel, mas no caminho para ele tivemos a sorte de encontrar outro, onde ficam hospedadas as pessoas que estão trabalhando nessa outra ponte. Hotel El Rancho (S21 16.112 W63 27.224).


À noite jantamos com bastante chuva e fomos descansar.
5º dia – 16-11-2009 – 567 km
No quinto dia, saímos de Villa Montes com destino final em Cochabamba. Minha maior preocupação era passar por Santa Cruz de La Sierra, já que havia ouvido vários relatos sobre a cidade ser perigosa, inclusive da própria policial que nos atendeu em Yacuiba, que disse haver lá bastante delinqüência. Já no caminho tivemos noção do país que estávamos. A Bolívia é bastante peculiar e se mostra descaradamente através de seus costumes e habitantes. As mulheres ao longo da estrada, cuidando de seus rebanhos ou nas pequenas cidades, sempre trabalhando, sempre com suas vestimentas parecidas, coloridas. Chamou-nos também a atenção o fato de ter uma grande quantidade de animais na pista. Deve-se ter bastante cuidado e atenção redobrada para transitar nas rodovias Bolivianas.

As estradas são muito bem asfaltadas, porém sente-se a diferença com relação ao combustível Boliviano, principalmente as motos! O rendimento cai bastante!
Na verdade, Yacuiba não era nosso plano de entrada na Bolívia. Nossa meta inicial era entrar por Bermejo, porém, dado às condições das estradas as quais tivemos informações e, também pelo fato de no grupo ter motos voltadas mais para o asfalto, pelo bem do companheirismo resolvemos optar por Yacuiba, acertadamente.
Após 450 km estávamos em Santa Cruz de La Sierra. Paramos em um Posto de Combustíveis na entrada da cidade, onde recebemos generosamente informações que deveríamos pegar uma estrada diferente da que havíamos planejado para chegar a Cochabamba, a Carretera 7. Deveríamos então ir até Montero e seguir por Portachuelo, Yapalani e Villa Tunari para chegarmos a Cochabamba com segurança. Avisaram-nos que a Ruta 7 não era mais usada pelos motoristas locais dado a quantidade de deslizamentos e acidentes.
Fomos então para Montero. A estrada indicada estava, em meu GPS, bastante “picotada”, mas como tínhamos tido várias informações idênticas sobre o fato, resolvemos seguir mesmo assim, novamente, acertadamente!
Após passarmos 35 km de Portachuelo, o cansaço pegou nosso amigo Kiko e resolvemos por bem pernoitar em uma pequena vila, Buena Vista. Uma cidadela muito simpática onde encontramos um bom hotel, Hotel Buena Vista (S17 27.832 W63 39.976) no qual nos instalamos.
O hotel tem uma boa estrutura, e nos fez perceber que a cidade era uma cidade turística, tendo em suas instalações além de um bom restaurante, telefones, ar condicionado, piscina e afins.
Jantamos um bom espaguete e fomos descansar.
6º dia – 17-11-2009 – 574 km
Acordamos e percebemos que o Kiko não estava na sua melhor forma. Sentiu-se mal e, acompanhado pelo nosso líder, o Cezar, foi até o Hospital da Vila para ver o que havia acontecido com ele. Foi atendido por um “médico”, Dr. Escobar, que disse existir uma inflamação na garganta. Impossível dado o estado visual do cidadão, que era bastante desanimador.
Imbuído do espírito de grupo, e seguro como é, o Kiko preferiu se instalar no Hotel por mais alguns dias para se recuperar e iniciar sua epopéia para retornar a São José do Rio Preto. Foi a única baixa que tivemos na viagem, mas penso que foi sua decisão mais sensata, já que a partir daquele ponto, o passeio mais radical realmente começaria.
Partimos então, já umas 10 horas da manhã, com destino planejado em Oruro. O trajeto que começou com relativo calor, com 378 m de altitude, se mostraria um dos mais bonitos, porém severos da viagem. Chegamos nesse dia a 4474 m de altitude, no trecho entre Cochabamba e Oruro. Paisagens maravilhosas, estrada perfeita! Nela, avistamos uma plantação e benefício da folha de coca, onde paramos para fotos e para tomar água em um restaurante à beira da estrada.
Oruro está a 3732 m de altitude. Chegamos ao anoitecer e nos instalamos em um hotel no centro da cidade, Hotel Monarca (S17 58.087 W67 06.436). Fomos muito bem recebidos pelo proprietário do Hotel, que trabalhava com toda sua família no local. Seu filho inclusive, nos ofereceu a comida mais estranha do trajeto, uma cabeça de bode ou carneiro, sabe lá. Só sei que recusamos imediatamente!
Os apartamentos ficavam no 2º andar e foi ai que percebemos realmente os efeitos da altitude. Era necessário subir bem devagar para o apartamento para não passar mal.

7º dia – 18-11-2009 – 499 km
Saímos de Oruro bem cedo, um pouco irritados com a cobrança irregular do estacionamento, o que não havia sido falado pelo hotel no dia anterior. Mas como já havíamos pagado propina por todo o caminho Boliviano até ali, simplesmente pagamos e seguimos em frente.
Nosso destino do dia, inicialmente era a capital, La Paz, onde conheceríamos a estrada “mais perigosa do mundo” que vai de La Paz à Coroico. Após 260 km chegamos à capital. A visão da cidade é assustadora. Paramos logo após um pedágio na rodovia, local onde existe um mirante para se ver toda a cidade. Estava começando a chover e a altitude já havia castigado bastante os amigos e motocicletas. Busquei através das informações previamente instaladas no GPS, um Hotel no centro da cidade, onde planejávamos deixar nossas bagagens para seguir até Coroico. A cidade de La Paz é muito grande, com muitas subidas e descidas e transito bem caótico. Bastante parecida com São Paulo, porém com muita buzina. Aliás, buzina é um acessório muito usado na Bolívia e Peru, muito!


Assustados com a pouca receptividade da cidade, e com a dificuldade de informações, de encontrar hotéis e restaurantes, resolvemos por bem seguir viagem até Puno, já no Peru, entrando pela fronteira de Desaguadero, acertadamente!
Em Puno, às margens do lago Titicaca, ficamos no Hotel Ayllu (S15 50.850 W70 01.229), que o Cezar já havia ficado em outra ocasião. Fomos muito bem recebidos por um também Cesar, que nos conduziu ao estacionamento e em seguida aos quartos.

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